segunda-feira, 26 de março de 2012

Michael... Deus do movimento



O corpo vira uma orquestra na mão desse homem! O corpo virou um instrumento, virou uma orquestra na mão desse cara. Um instrumento é pouco, porque o que ele fazia com os pés, o que fazia com os joelhos, o que fazia com o pescoço dele, com as mãos, ele é um cara de expressividade absurda, de uma criatividade absurda...

Ele era um bailarino. Qualquer um que olhasse Michael Jackson dançando também queria dançar. E isso é a coisa mais importante que pode haver no mundo dessa e de qualquer outra arte.

O planeta inteiro - crianças, adolescentes e adultos - passou a imitar as coreografias que ele desenvolveu, o seu breque, a sua maneira de quebrar a música no corpo, a forma como unia os passos ao ritmo. 

O jeito de ele dançar era hip hop, era funk, era breakdance -mas não resultava em nada disso, porque era reinvenção. 

Tinha as proporções de um bailarino. Pernas compridas, mãos enormes, aqueles braços. O seu corpo era completamente expressivo. Nasceu com as medidas perfeitas.

A dança é uma vida muito árdua, exige grandes esforços. E Michael era um símbolo total disso. Completamente meticuloso, perfeccionista. Ficava visível que todos aqueles passos estavam milimetricamente calculados. Uma precisão acima da perfeição. Mas, ao mesmo tempo, era indisfarçável o prazer que ele sentia ao fazer aquilo. E nem precisava dançar. No clipe que gravou aqui no Brasil, Michael quase só andava. Mas com uma elegância e uma destreza comparáveis apenas às de Fred Astaire - que de fato, era um de seus ídolos.

Aprendi a ter prazer no meu ofício olhando Michael dançar.  Se a minha companhia existe, se a dança está dentro de mim, responsabilizo totalmente esse homem por isso. Ele teve momentos mais exuberantes, discos menos brilhantes, mas uma festa sem Michael não acontece. É como se eu não tivesse ido!

Essas coisas são incomparáveis, mas John Lennon me passou pela cabeça. Quando a gente vai ter a possibilidade de ter outro homem como esse? Saímos perdendo. A humanidade sem Michael Jackson está atrasada!"

Deborah Colker, 48, bailarina e coreógrafa,
após o falecimento de Michael. 
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