segunda-feira, 30 de julho de 2012

Adriana



Voltamos por volta de 1996 ou 1997, eu trabalhava em um abrigo de animais (principalmente cães) nos arredores de Londres. Eu trabalhei lá até 2007.
Quando Michael e sua comitiva estavam deixando o hotel (eles estavam na garagem), um pequeno cão estava escondido debaixo do carro.
Sendo o usual de Michael, não bastaria apenas entregar o cão aos cuidados de alguém. Ele queria saber para onde o cão seria levado e o que aconteceria a ele.
A equipe do hotel sabia sobre nós, e havia uma funcionária (que levava cães para passear), ela nos contatou, mas não tínhamos espaço para o cão. De qualquer forma, eles chegaram com o cão e eu o levei para casa comigo, por um par de dias.
Michael ficou sabendo que não tínhamos espaço e perguntou o motivo. Foi-lhe dito que não tínhamos mais espaço e não tínhamos dinheiro para ampliarmos. Essa foi a primeira vez que recebemos dinheiro dele.
Michael achava que precisaríamos de mais dinheiro para construirmos e ampliarmos os espaços, receber mais animais. Ele achava errado que tivéssemos que depender das pessoas, que o Estado deveria ajudar. Em alguns países existem tantos cães abandonados, e ele se sentia tão mal a respeito como se sentia pelas crianças. 
Um ano depois de ter feito essa doação, ele quis nos visitar. Para chegar lá despercebido, parecia ser uma missão para o povo da Casa Branca, mas não era, realmente.
Quando ele chegou, a primeira pessoa que ele encontrou foi a mim, com dois filhotes sobre meus joelhos. Eu estava no chão, alimentando-os. Ele não disse 'Olá' nem nada, ele simplesmente sentou-se no chão e começou a conversar com eles, com aquela voz boba que fazemos quando conversamos com os animais. 
Levou alguns minutos antes dele me olhar, então desculpou-se e me ofereceu sua mão. Eu ainda tinha um cachorro na minha mão e uma garrafa na outra. Ele riu quando eu o coloquei no chão e lhe dissemos 'olá!'
Ele levantou-se e quis dar uma olhada. Michael estava impressionado com a quantidade de cães que tínhamos lá, não tanto gatos, às vezes, o abrigo estava cheio de gatos, mas em geral, havia mais cães. E ele ficou muito emocionado e disse que queria levá-los todos com ele, para casa.
Como a maioria das pessoas queria, quando elas chegavam lá. E a mim também, era muito difícil trabalhar lá e, durante anos, ver as coisas horríveis que as pessoas fazem com seus animais.
Depois de um passeio pelo interior, e sendo explicado como funcionavam as coisas, ele nos convidou para jantar naquela noite. Nesse jantar, ele falou sobre como ele poderia fazer uma doação anual, e recaiu sobre mim a responsabilidade de cuidar dela.
Da próxima vez que ele veio para Londres, Michael quis conhecer (as novas instalações) e assim foi feito. Ele também me perguntou se eu gostaria de visitar Neverland e passar algum tempo lá. Eu poderia levar um amigo e assim eu fiz.
Aquelas duas semanas foram as melhores da minha vida. Não por causa de Michael, mas por causa do lugar. Eu não era fã de Michael Jackson, mas eu tinha assistido um show. E eu gostava de sua música, mas não dessa forma dos fãs mais fervorosos, sabe?
Mas ainda era muito emocionante estar em sua casa. Era realmente um lugar incrível. Ele era tão orgulhoso de seu jardim zoológico e ele nos mostrou. Fomos autorizados a retirar os cavalos para passeios, sempre que queríamos, e nos foi dado espaço livre no rancho. 
Foi assim que estive mais próxima dele, mais do que apenas receber suas doações. Eu não estou dizendo que era uma amiga íntima dele, mas acho que cheguei perto o suficiente para fazê-lo sentir que ele podia confiar em mim, o suficiente. Eu ainda tenho algumas poucas mensagens de texto que ele me enviou. 
Quando eu o conheci, eu não tinha celular, e foi apenas nos últimos anos que ele me enviou algumas mensagens. Era hilário vê-lo tentando compor uma mensagem de texto. Ele insistia em perguntar a alguém 'como eu faço agora? Como eu faço um ponto de interrogação? Como posso fazer isso?' Era engraçado.
A última doação que ele fez foi enorme e ela ainda está sendo utilizada, e ainda será por muito tempo, se nada de inesperado acontecer.
A segunda vez que ele nos visitou, estávamos na nossa área de descanso para os cães. É um lugar cercado enorme atrás de nossa casa, com árvores e coisas tais. Um lugar muito bom para os cães brincarem. Nós tínhamos um cão que ficava doido, às vezes, e começava a correr por aí feito maluco. E era engraçado observá-lo, você começava a rir, e não foi diferente com Michael. 
Ele não conseguia parar de verdade, e assim que ele olhava para alguém, desandava a rir mais e mais. Em um ponto, ele se inclinou para a frente e bateu a testa nas costas de um banco que estava lá. Primeiro veio um ''ai'' dele, mas então ele desandou completamente, assim como nós. 
No dia seguinte, meu estômago doía de tanto rir no dia anterior. Ele ficou com uma pequena marca na testa e ele continuou falando sobre isso na próxima vez que nos encontramos. Ele disse: 'É perigoso rir, às vezes.' by Adriana (Dinamarca)

* Na época, Adriana trabalhava em Londres, e Michael lhe fez prometer que manteria as doações ao abrigo em segredo,
porque as fazia de coração, não por publicidade.

Fonte:
http://reflectionsonthedance.wordpress.com/

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